terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

HOJE É DIA DE SER FELIZ

Hoje é dia de soprar a corneta e avisar que chegou.

Hoje é dia da Hebe, do Silvio, de todos os santos, de todos os Josés.

Hoje é dia de matar o medo do escuro, do futuro, da verdade.

Hoje é o dia da liberdade, de correr no campo, de brincar no parque.

Hoje é dia do orgulho gay, do orgulho negro, das lésbicas e simpatizantes.

Hoje é dia de rir de alguém, de fazer alguém sorrir, hoje é dia de rir do espelho.

Hoje é dia de sair de nariz de palhaço, dirigindo no trânsito, ou pará-lo a pé.

Hoje é dia de Maria, de pisar na agonia, de furar o balão.

Hoje é dia de experimentar cachaça pura só pra fazer careta.

Hoje é dia de vestir a fantasia, tirar todas as máscaras e se pintar de você.

Hoje é dia da árvore, do pé de alface, do pé de chinelo, do burguês triste.

Hoje é dia de mergulhar, de beber muita água, de beber muita cerveja, de não beber nada, de ficar em casa, de desencanar.

Hoje é dia de cozinhar qualquer coisa, de pedir pizza, de não comer nada.

Hoje é dia de experimentar amar todo mundo e não apenas um só.

Hoje é dia de desatar o nó, de desamarrar o cadarço e pisar no chão, flutuar na calma, sentir a alma e o coração.

Hoje é dia de sorrir ou chorar com qualquer coisa.

Hoje é dia do nunca, do impossível.

Hoje é dia de botar o dedo no nariz, riscar a parede com giz.

É ou não é, um dia legal, brincar de ser criança, brincar de ter esperança, de não ter medo de nada?

Hoje é dia de seguir essa estrada.

Hoje é dia de ser feliz!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

EU NÃO SOU POETA!

Poetas são mentirosos. São doentes. Não se amam. Reunião de poetas é desabafo de patéticos anônimos, que logo se avisam no publicar de qualquer lágrima. Poeta é uma eterna tentativa de ser gente, de ser alguém que chore por viver a verdade. Poeta chora por uma mentira inventada, por uma solidão inexistente. Poeta não tenta nada. Não luta. Poeta nasceu para sofrer e só é reconhecido quando morre de dor. Poeta? É melancolia, agonia barata, grito que não se ouve, grito que não se salva. Poeta não é gente, não é ninguém, não é nada. Poeta não é ser social, não é imortal, tampouco reconhecido como algo de valor. Poeta é marginal. Está à margem do ser, do saber e da perspectiva. Poeta? É uma eterna tentativa de ser gente. Poeta vive em um poço sem fundo e sem entrada, poeta não é nada, é sempre tentativa de ser. Poeta é anunciação do enlouquecer, é querer ser louco. Poeta é muito pouco, poeta é quase nada. Poeta é contradição, é um covarde escondido, um pedaço de chão, um sobejo largado, um prato furado, um pedaço de pão. Poeta não faz poesia, poesia não se faz. Poeta não existe.

sala de visitas t e n o r i o c a v a l c a n t i

Powered By Blogger