Poetas são mentirosos. São doentes. Não se amam. Reunião de poetas é desabafo de patéticos anônimos, que logo se avisam no publicar de qualquer lágrima. Poeta é uma eterna tentativa de ser gente, de ser alguém que chore por viver a verdade. Poeta chora por uma mentira inventada, por uma solidão inexistente. Poeta não tenta nada. Não luta. Poeta nasceu para sofrer e só é reconhecido quando morre de dor. Poeta? É melancolia, agonia barata, grito que não se ouve, grito que não se salva. Poeta não é gente, não é ninguém, não é nada. Poeta não é ser social, não é imortal, tampouco reconhecido como algo de valor. Poeta é marginal. Está à margem do ser, do saber e da perspectiva. Poeta? É uma eterna tentativa de ser gente. Poeta vive em um poço sem fundo e sem entrada, poeta não é nada, é sempre tentativa de ser. Poeta é anunciação do enlouquecer, é querer ser louco. Poeta é muito pouco, poeta é quase nada. Poeta é contradição, é um covarde escondido, um pedaço de chão, um sobejo largado, um prato furado, um pedaço de pão. Poeta não faz poesia, poesia não se faz. Poeta não existe.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
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