segunda-feira, 2 de abril de 2007

SE ISSO SE CHAMASSE AMOR


Corrosivo como os meus maus pensamentos, buscas sem achares, caminhos perdidos, idas sem limites... Corrosivo, e corrói como tudo o que sai da tua boca: palavra, beijo, sobejo, escarro, cuspes presos na garganta cortada que não sangra nada, não sangra nada... Corrosivo e estressante o brilho deste olho esquerdo, de perfil, olhar estressante e falso, corrosivo e mero-amor de relance, minuto... curto e incansável. Corrosivo, e sou eu quem corrói a sombra do teu corpo gasto de buscas de amor. Corrói-se e corrói-se... e continua as desesperanças encontradas nas falhas idas.
É corrosiva tua voz em tempos de felicidade: vento-fogo que aquece e rasga, quebra e queima a fortaleza dos sonhos impossíveis, da frieza das nossas almas. Corrosivo teu sorriso à noite, nas lindas noites de desgraça, em que tu me cercas, com fome, e não me come, por que sei fugir de amores bandidos em fugas de cárceres-d’alma. Corrosivo teus passos brandos, finos couros resistentes das solas dos teus passos, que pisa, pisa... e acaba o caminho sem rastro, sem fim... Corrói-me dizer coisas, me corrói calar agora, é corrosivo e perigoso nesta hora, quando o amor vai acabando por segundos, e décadas a fundo voltam a existir... a sombra acaba, o cuspe seca, a vida vai, e não há mais nada a se corroer...
Tenório Cavalcanti®, Copyright 2007. Todos os direitos reservados.

Imagem: StockPhotos Brasil®

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